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Curso de Magia Branca - 16: Deus bíblico YAHWEH (cont.)

DEUS BÍBLICO JAVEH – 2

Já passamos às mãos dos nossos amigos e alunos a reportagem do Globo sobre a grande novidade em teologia : O Deus bíblico Javeh foi, inicialmente, um jovem deus tribal dos Shasu, o qual foi paulatinamente “devorando” as divindades cananéias (como Baal, Moloque, Orotal, Quemoche, e até mesmo, a divindade feminina Ashera).

O Deus dos israelitas era EL. Mas o jovem Deus Javeh foi paulatinamente destronando deus após deus, até que, finalmente, ombreou com EL e o tornou, de nome próprio do Deus dos deuses, um substantivo comum que designava QUALQUER deus.

Qualquer um que estude cuidadosamente a Bíblia – dos Patriarcas até o Êxodo – perceberá facilmente a transformação do nome próprio a substantivo comum do Deus EL : “Shemá, Israel, Yhwh eloinou, Yhwh ekad” (ouça, ó Israel, Javeh é nosso Deus, Javew é Único).

Mas os cientistas das Religiões comparadas logo descobriram a evolução de Javeh : de uma pequena divindade tribal, desconhecida antes de Moisés, para o Deus Único e Senhor do Universo, conceitos que antes pertenciam a EL.

Agora, após termos apresentado a reportagem de O Globo sobre tão candente assunto, vamos direto aos comentários feitos por eruditos a respeito de um livro que ateou fogo nessa discussão : An Early History of God, editado pela terceira vez, em 2004.

SÍNTESE DA OBRA FEITA PELA DISTRIBUIDORA DO LIVRO

Esta síntese é sobre : O princípio da História de Deus : Yahweh e outras divindades do Antigo Israel (Série “Pesquisa Bíblica”).

Este livro não é uma introdução à Religião ou História do antigo povo de Israel, nem sobre a Bíblia hebraica. Não deve, portanto, ser o primeiro livro a ser lido neste sentido. (Para seu primeiro livro, sugerimos “Quem escreveu a Bíblia?”, de Friedman. Neste livro, Smith não recordará nem tentará provar a “Teoria das Fontes”, nem as origens cananéias de Israel, etc. Será, então, uma obra sobre a evolução de Yahweh através dos contatos com as divindades cananéias, na longa trajetória que o levou a tornar-se “O Deus Único” do judaísmo pós-exílico.

A Tese de Smith é que o desenvolvimento da “monolatria” – que precedeu o “monoteísmo” – em Israel, começou com um processo de convergência e diferenciação. “Convergência”, ele escreve, “que envolveu a absorção de várias divindades e/ou alguns de seus traços pela figura de Yahweh. E a diferenciação deveu-se ao processo pelo qual Israel rejeitou sua herança Cananéia, criando assim uma identidade separada.

Então ele escreve : “O objetivo não é identificar o momento primário da monolatria; mais que isso, é a velha questão de clarificar COMO o monoteísmo tornou-se uma nova visão devido ao fenômeno de convergência, estágio na Religião Israelita mais antigo do que o aparecimento da monolatria.

O deus Yahweh veio, aparentemente, de Edom ou de qualquer outro local ao sul (Smith discute isso em outro dos seus livros : “ As origens do monoteísmo bíblico”. Ele foi incorporado ao culto no Panteão de Israel, o qual era formado de divindades tipicamente cananéias. Absorveu os traços de EL, BAAL, ANAT E ASSERAH, que são os principais. Smith tem uma insuperável experiência com os textos ugaríticos, os quais fazem claras referências às religiões cananéias, todas similares, as quais Israel deve ter herdado; portanto, Smith tem a habilidade de encontrar as vias pelas quais Yahweh absorveu os traços dos deuses cananeus. Infelizmente não se pode afirmar “Quem” era Yahweh antes de se tornar o Deus de Israel.

Naturalmente, Smith inicia tudo com a convergência de Yahweh com EL, o que deve ter acontecido logo nos textos mais primitivos : “Não se achou um culto distinto de EL, a não ser DEPOIS de sua fusão com Yahweh” . Daí, Smith examina as similaridades entre o EL ugarítico e o Yahweh bíblico, tal como o descrevem, sendo um Patriarca com uma corte celeste, e uma grande bondade para com a humanidade. Também explora os epítetos – Kanan, Shaddai, Elyoun – e a iconografia : barbado, entronizado.

A seguir, Smith se volta para Baal. Há uma transição em algum momento no qual Baal é adorado simultaneamente com Yahweh sem inconvenientes, para um confronto dos seus cultos, terminando com o culto só para Yahweh. Essa transição inclui o momento em que Yahweh “toma” a imagística de Baal, como : deus das tempestades (o que não encontra paralelo algum com o Baal edomita), touro, guerreiro, e deus da fertilidade. Smith analisa o material no Livro dos Juízes e os textos históricos, concluindo que o conflito deve ter surgido (ou se intensificado) devido à tentativa de Jezabel e Acab para entronizar um deus estrangeiro – Baal Shamem dos fenícios (distinto do Baal da herança cananéia/israelita). Smith descreve os caminhos através dos quais o culto de Yahweh adotou os epítetos de Baal, sua iconografia, descrição e mitologia, à medida em que o ia substituindo. No entanto, Smith admite que a evidência mostra que Baal continuou como um deus popular, até o final do Reino do Sul.

Neste mesmo capítulo, Smith também demonstra que Yahweh adquiriu a imagem guerreira da deusa Anat.

Daí ele se volta para Assera, com uma análise mais sujeita a controvérsia. Smith sabia que a maioria dos acadêmicos acreditam que alguma deusa, provavelmente Assera, foi adorada durante o período da monarquia; porém ele crê que ela não era ainda cultuada no período dos Juízes. Seu simbolismo foi naturalmente incorporado ao culto de Yahweh, e posteriormente expurgado dele. Smith enfoca a análise textual, não se referindo às múltiplas figurinhas que os acadêmicos crêem ser a demonstração da adoração popular a Assera. Ele aponta para várias incertezas plausíveis – “Apesar dos acadêmicos, durante longo tempo, suspeitarem que essas figurinhas representam Astarte, e as tenham ligado à imagem materna da deusa fenícia, é igualmente plausível identificá-las com Assera. É ainda possível que estas figurinhas não representem qualquer divindade”.

Alguns acadêmicos concordam com Smith, porém a maioria continua acreditando que Assera foi mesmo adorada naquele período. Continuando, Smith examina as maneiras pela qual o culto de Yahweh absorveu o de Assera. Analisa a linguagem de “gênero” para Yahweh, traça paralelos a este respeito com outras deusas do Oriente Próximo. Chama a atenção para o declínio da imagem antropomórfica de Yahweh. Finalmente, considera a figura da Sabedoria bíblica como uma continuação da fisionomia de Assera de um modo aceitável ao Javismo monolátrico.

Depois disso, Smith toca levemente na imagem solar aplicada a Yahweh, concluindo que, no total, foi uma inovação da monarquia de Judá, sob a influência do Novo Império egípcio. Também enfoca a rejeição dessa imagística por vários autores bíblicos.

Um capítulo final trata das transições em algumas práticas importantes dos israelitas cultos. Os “lugares altos”, práticas associadas com a morte, e os sacrifícios a Molok.

Resumo da ópera : uma refinada cobertura da convergência das divindades cananéias e Yahweh. A apresentação da evidência, em algumas passagens são mais bem estruturadas do que em outras; mas isto é opinião... Aqui está um ótimo livro sobre a religião israelita, apropriado para um público não-graduado, com pouca experiência, ou para eruditos aposentados (porque para eruditos que estão ainda na atividade, decerto o livro é essencial).

Para tornar mais acessível a compreensão do seu livro, Smith recomenda “A Religião do Antigo Israel” de Zevit. Caso você tenha ouvido falar no livro “As origens do monoteísmo bíblico”, de Smith, eu recomendo primeiro este.

23 de março de 2012 – Marlanfe.

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